The Crown: o que há de bom na segunda temporada?

December 25, 2017

Rainha Elizabeth II - The Crown

The Crown, a série mais cara produzida pela Netflix (e ganhadora do Globo de Ouro de Melhor Série Dramática) retorna ao sistema de streaming com uma nova temporada, a segunda de um total que deve ser de nove. Os dez novos episódios, que se passam entre o fim da década de 1950 e o começo de 1960, reservam muitas emoções aos espectadores, como era de se esperar, tendo novamente a aposta do criador Peter Morgan em doses de dramas familiares com jogadas políticas, formato já conhecido desde a estreia da série, em 2016. A combinação de Morgan tem dado certo, mas além disso, o que há de bom na segunda temporada?


ELENCO
Princesa Margaret - The CrownO destaque da segunda temporada sem dúvida foi Vanessa Kirby, como Margaret. Vanessa ganha um destaque especialmente interessante no episódio 4, quando a princesa passa por novos desafios em sua vida amorosa. Uma sequência de cenas inebriantes prende a atenção do espectador à tela: Vanessa se agiganta e conquista a cada segundo de intepretação. Em contraste ao tom de continuidade da irmã, Margaret é uma personagem intensa, plural e dinâmica. Quando em uma das cenas surta, dança, canta e chora, por um segundo podemos jurar que a série é toda de Kirby e de mais ninguém. 

Na nova temporada Margaret ganha um personagem-companheiro à altura, com Matthew Goode  (que já fez Downton Abbey) interpretando Antony Armstrong-Jones, um fotógrafo sedutor, inteligente e misterioso. Talvez eles sejam o maior acerto recente da série, e deixam no ar uma curiosidade gostosa de tudo que ainda está para acontecer.

Princesa Margaret e Antony - The Crown


TRAMAS SECUNDÁRIAS
Após os primeiros 10 anos de reinado de Elizabeth e as crises que se passaram nesse período, tramas secundárias puderam ser trabalhadas com uma especial atenção nesta segunda temporada. A história da Princesa Margaret já vinha sendo mostrada desde a primeira temporada e, como já citado, continuou na segunda. Contudo, algo ainda não explorado teve destaque principalmente no nono episódio: a relação entre Philip e o filho mais velho (e hereiro do trono), Charles.

Jovem Philip - The Crown
A história de pai e filho começa a ser abordada quando Charles (Julian Baring) tem que ir para uma nova escola. O tio (figura masculina mais presente para o menino) logo organiza tudo para que ele vá para Eton, uma escola em frente à residência real e onde o garoto não sofreria tanto por conta de brincadeiras dos colegas ou dificuldades escolares. Philip (Matt Smith) logo faz valer sua posição de pai, anunciando que na verdade o filho vai para a Escócia, estudar na Gordonstoun, onde ele mesmo havia estudado quando jovem. Para isso, o Duque de Edimburgo acaba indo contra a própria Elizabeth, conseguindo manter sua decisão após uma conversa dura com a mulher.

Na nova escola e longe de casa, Charles acaba sofrendo de diversas formas: a escola é rigorosa com atividades físicas, os colegas são ásperos e ele, enquando filho de Philip, um dos alunos mais importantes que já passaram por lá, não consegue ser nem metade do que o pai foi. A situação rende cenas extremamente tocantes e complexas, já que acompanhamos os primeiros dias de Charles na Gordonstoun e temos um vislumbre de Philip em sua juventude (brilhantemente interpretado por Finn Elliot!), um vislumbre de tudo que ele teve de aguentar na adolecência, além de como foi importante para ele estar em Gordonstoun. Enquanto nos comovemos com a dor do Jovem Philip, somos arrasados por sua frieza e indiferença enquanto pai de Charles.

Jovem Philip - The Crown


MUDANÇAS HISTÓRICAS
Rainha Elizabeth II - The CrownThe Crown é uma das séries atuais que mais retrata fatos históricos e políticos - já era de se esperar, né? Isso é algo muito gostoso de acompanhar, não há dúvidas. Na nova temporada, contudo, algo mais se destaca nesse quesito: a modernização da realeza. Enquanto na temporada anterior apenas o rádio era tido como um meio de aproximar a família real dos seus súditos (quem aí assistiu O Discurso do Rei?), agora a televisão veio estreitar ainda mais esta relação, impedindo que a monarquia torne-se uma instituição ultrapassada e fraca. É interessante ver essa transformação e os incômodos que isso trouxe principalmente à Elizabeth (Claire Foy), que foi a primeira a sofrer com as críticas duras à monotonia e ao distanciamento da realeza. Um dos legados que vemos até hoje dessas mudanças é o tradicional discurso de natal da rainha. Ele sempre é televisionado para o público e é gravado dentro da residência real, trazendo os súditos para "dentro" do castelo, para dentro do lar da realeza que eles admiram.

Por fim, um detalhe simples chamou a atenção na nova temporada de The Crown: as imagens e os fatos reais ao fim dos episódios; nesta temporada a maioria deles é finalizada com imagens, vídeos e dados que foram usados como fonte histórica para a produção da série. Um exemplo é o episódio em que um membro da famílai real é acusado de ter mantido relações e parcerias fortes com o alto escalão Nazista. Ao fim das cenas, fotos reais foram mostradas, comprovando a veracidade das informações. Isso foi algo que pra mim, em especial, fez falta na temporada de estreia, já que uso a série, além do entretenimento, para aprender História.


TRAILER LEGENDADO



A segunda temporada de The Crown não deixou a desejar em nada em relação à primeira, que já era muito boa. A Netflix conseguiu manter seu excelente padrão de produção, com figurinos, trama, cenários, trilha sonora e tudo mais impecáveis. A pequena tristeza é que com esta temporada nos despedimos de Claire Foy, Matt Smith e cia. Cada temporada mostrará cerca de uma década de vida da rainha, assim, eles darão lugar a atores que possam melhor representar os personagens em suas idades avançadas. 

O que virá de bom, hein?
Vamos aguardar com o coração apertado.

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